Com o passar dos anos, apreciamos que o Natal está deixando de ser a festa de celebração do nascimento de Jesus, passa a ser a festa da comida e da glutonaria, da bebida e da bebedeira, dos presentes e da exploração comercial, da verdade e dos mitos, do real e dos símbolos, dos encontros e desencontros… Nem tudo é errado, mas o foco a cada dia que passa está a ser infelizmente perdido.
O Pe. Federico Lombardi SJ, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, levanta o dilema ético desta época no editorial da última edição de Octava Dies, semanário do Centro Televisivo Vaticano, após a Vigília pela Vida Nascente que o Papa Bento XVI presidiu no Vaticano, no dia 27 de novembro.
"Rezar e comprometer-se em favor da vida nascente. Convite que o Papa nos fez, segundo Lombardi, um tempo de espera e conversão para se preparar para comemorar, mais uma vez, o facto desconcertante e extraordinário do nascimento do Filho de Deus entre nós: Deus que se faz carne, Deus no ventre de uma mãe, Deus menino, Deus perto de nós", disse o porta-voz, Cfr Zenit.
Todos os anos a cena se repete: ruas iluminadas, lojas decoradas, portas enfeitadas, confraternizações e trocas de presentes. É muito encantador passar a noite pelo centro da cidade, pelos shoppings e ver a quantidade de luzes e enfeites anunciando o Natal.
Por um momento, o mundo volta sua atenção para um pequeno cenário onde se destacam três personagens: um homem, uma mulher e uma criança deitada em uma manjedoura. No presépio está o símbolo natalino que mais encanta, porque retrata o verdadeiro sentido do natal: o nascimento de Jesus.
Neste momento, parece que o sentido da vida torna-se simples, fácil de compreender. Quando Maria recebeu a notícia de que seria a mãe do Salvador ela se assustou, mas também acreditou e acolheu gerar o menino em seu ventre. José também hesitou com a notícia da gravidez de Maria, mas não temeu em acolhê-la ao seu lado e também ao neném. Imagino que é assim que Cristo espera ser recebido ao nascer neste Natal: sendo acolhido com o coração e os braços abertos.
Todo nascimento gera alegria, em se tratando do nascimento do Salvador da humanidade a alegria é ainda maior. Jesus é rei, mas nasceu da maneira mais simples: num estábulo, ao lado de bois e vacas, porque seus pais não encontraram hospedaria.
Hoje, talvez precisemos nos refugiar em lojas cheias e ruas congestionadas, em busca de um sentido para estarmos juntos em uma noite do ano, para celebrarmos o aniversário de um homem chamado Jesus. Muitos o buscam entre a multidão perdida, que corre de um lado para o outro em busca de presentes e lembrancinhas.
Nos dias de hoje, o Natal tem diversos significados: para os capitalistas é tempo de lucros, para os consumistas é tempo de gastar e consumir, para os pessimistas é só mais um ano que vai acabar; para as crianças é esperança de muitos presentes, mas, para que tem fé, quem crê no amor de Deus, o Natal é um misto de festa, reflexão e esperança.
O sentido do Natal reside em cada um de nós. Ele representa a nossa visão de mundo e ainda nossa percepção sobre o que somos e o nosso compromisso em transformarmos a realidade. No Natal, temos a possibilidade de nos darmos a chance de sermos melhores e resgatarmos nossa essência: "a prática do bem, sem olharmos a quem".
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